A culpa é dos pastores!

“O primeiro e maior obstáculo para missões são os pastores”

A frase acima é de ninguém menos que Oswald Smith, escritor dos bestselleres “Paixão pelas almas” e “Clamor do mundo”. Ele disse isso com a autoridade que tinha como um dos maiores mobilizadores de missões do século passado. Como pastor senior da Igreja dos Povos em Toronto, Canadá, ele sustentava mais de 800 missionários transculturais. Ou seja, ele tinha experiência no assunto!

E isso é mesmo verdade, porque são os pastores locais que têm a incumbência de despertar a congregação, descobrir vocacionados, orientá-los, treiná-los, enviá-los aos campos não alcançados e sustentá-los dignamente. Posso dizer, por experiência própria e atual, que, na prática, que isso está muito difícil, e que a maioria dos meus colegas de ministérios se opõe a tudo isso, ainda que não declaradamente.

Numa ocasião, um pastor de uma grande igreja me disse: “Você pode pregar sobre qualquer coisa no meu púlpito, menos esse negócio de missões”. Eu respondi: “Você pode convidar qualquer outro pregador, menos esse que vos fala”. O caso é tão grave, que os congressos de líderes (ou seja, para pastores), nem incluem o tema missões na programação.

O amado pastor David Botelho, um dos maiores mobilizadores de missões no Brasil, relata num artigo que ficou muito surpreso ao ver que num dos mais tradicionais congressos líderes brasileiros, que em todas as suas edições anuais reúne mais de mil e quinhentos pastores, neste ano que ele participava, a palestra de missões atraiu somente 12 pessoas e 3 delas eram lideres de missões, a saber: Ele e os missionários Ken Kudo e Josué Martins. E, esse quadro se repete em todos os outros grandes congressos de líderes (Leadership Summit, Silas Malafaia, etc), demonstrando que missões transculturais está enfrentando uma das maiores crises no meio de liderança brasileira. Algo radical tem que ser feito com urgência!

Nesta mesma linha, a literatura missionária, praticamente desapareceu das editoras evangélicas. Milhares de livros são lançados, falando até de “tricô gospel”, mas nenhum sobre a obra missionária. Por exemplo, eu estou com uma obra pronta, um livro tratando da teologia bíblica de missões há mais de três anos finalizado, e não consegui nenhuma editora interessada em publicá-la. E olha que sou um profissional do mercado de livros, com uma boa exposição em mídias, enfim. Agora imagine as chances de autores menos conhecidos, de missionários anônimos que passam a maior parte das suas vidas no campo, sem nenhum projeção de mercado. Qual a chance de você ler um livros com as suas experiências?

Graças à Deus, em 2014 tive a enorme felicidade de ver publicada a Bíblia Missionária de Estudo, da qual sou o idealizador e editor, projeto nascido em 2001, e que só após 13 anos mais tarde foi lançado. E foi feita com muita qualidade, tanto gráfica pela SBB como de conteúdo produzido por renomados missiólogos, tais como Timóteo Carriker, Ronaldo Lidório, Russell Shedd, Bárbara Burns entre outros homens e mulheres de Deus.

Esse quadro desafiador me faz lembrar da realidade já percebida pelo estudioso em missões George Peters, que disse uma verdade incontestável: “O mundo está mais preparado para receber o Evangelho do que os cristãos para propagá-lo”.

O filme “Jesus” é, hoje, o filme mais pirateado no mundo muçulmano. Ele foi apresentando na época do Natal em duas nações muçulmanas. Vários muçulmanos tiveram sonhos com Jesus e pedem missionários que os discipulem nos caminhos do Senhor, mas onde estão os obreiros? Onde estão os pastores enviadores?

Parece que chegou o tempo em que as pedras estão clamando… Mas, não permita ser substituido por pedras e mulas. Faça a sua parte, envolva-se, ore, contribua!

 

JAMIERSON OLIVEIRA – pastor titular e teólogo

Add Comment

Your email address will not be published. Required fields are marked *